sábado, 27 de novembro de 2010

Voluntariamente involuntário

Os fios de pensamentos transformam-se em tecidos mentais que fazem o meu ser traçado por erros e acertos, maldição e libertação, riscos e rabiscos… E os tais vestígios bastardos não sepultam sua presença em mim. Mesmo que eu corra, não consigo deixá-los para trás. Seria ilusão dizer que quero realmente esquecer. Fato. Por mais que o exagero tome conta de meu paladar, só quero encontrar um meio onde as lembranças tragam apenas sorrisos, e, que parem de derramar o sangue de minha maior fonte.

Ainda ouço batidas, ternas, inseguras, feridas de um coração castigado pela desconfiança estabelecida por erros alheios. Ainda tento enxergar a tal luz que habita no final do inconsciente que faça abrir os olhos e sentir o tempo parar por momentos eternos. Reflexos do que quero ser continuam vagando pelo caminho errado do meu ser. Onde habita a vontade, não existem mais sonhos. Não por incapacidade, mas por não ter realmente aprendido a se defender da suposta dor de não concluir.

Repulsão involuntária de tentar recompor o inevitável. O sino ainda toca, a chama ainda está acesa e eu… continuo a lhe esperar na próxima esquina.

E se...

E se eu lhe disser que gosto de você de uma forma diferente das demais pessoas? Daquela forma que o coração dispara assim que você invade meus olhos, que me faz perder a voz, travar movimentos, sentir faltar o ar, ficar com as pernas trêmulas, criar receios por dizer palavras que podem lhe fazer querer se afastar… O que você faria? Pra mim é tão comum você ir e vir nos meus pensamentos, alegrando meus sonhos, embaçando a minha realidade por sorrisos repentinos ao lembrar de você em quaisquer situações… e eu? Como sou no seu interior? Posso ser tudo, posso ser nada. Posso ser um susto, posso ser uma boa surpresa. Posse ser… o que você sentir naquele momento.

E se eu lhe disser que não quero lhe oferecer um futuro, mas sim um presente, para dar-lhe um novo passado? Sim, futuro é clichê e só o agora que vale a pena agir. Amanhã posso não estar mais aqui e… você sentiria a minha falta?

sábado, 13 de novembro de 2010

Dormência

As horas passam e os olhos pesam. Talvez a quietude seja a melhor teoria. Quando todos os sentidos tornam-se abstratos, os movimentos limitados e o pensamento se concentrando em coisas banais, aquelas mesmas coisas que lhe tornam um ser completo.

A poeira que o vento carrega suja o sangue que purifica todos os sentimentos vaiados pela insanidade de se obter apenas o que é real. Talvez a poesia seja totalmente compreendida quando o interior pensante está esgotado a ponto de não formular mais dúvidas que enfrentam a contradição de tais veias líricas.

A imagem que o espelho reflete não existe enquanto os olhos estiverem em outros pontos de vista. Assim como sua beleza que não há valor algum se eu, vagamente, desviar o foco.

Os faróis ainda estão acesos, mas, neste momento, recolho-me em direção contrária a luz que cega, castiga, mutila a visão e faz a alma clamar por… dormência.