sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O tempo já passou [2]

E as palavras vagam, embaralhadas, pelo pensamento quando mais se precisam delas. O que se é ensaiado em minutos atrás pode, simplesmente, sumir e sobra só o fingimento de como se isso fosse normal, ou nada demais. Então o momento pelo qual se esperava se passa e as palavras voltam ou somam-se com as outras. A revivência é inevitável e pode esgotar o vivente por ter feito tudo errado - pelo ponto de vista pessoal - ou quase tudo.

O importante é viver o agora. O ontem é passado, imutável. O amanhã é clichê e é só o agora que pode ser modificado.

Luz, aluno

A escuridão me guarda em sonos profundos, onde vejo tudo o que quero em meus próprios sonhos. Quando componho-me totalmente de ilusões ela se esvaece e a luz me resgata mostrando realmente o que sou, não mais o que queria ser. Todas as noites dilúvios imaginários aliviam as tensões, devolvem-me o que não se tem na luz do dia, resolvem todas as mutações sem, se quer, considerar o risco de tudo cair carregado pelas variáveis… ou talvez, desconsidera o medo e os freios que existem quando os olhos estão abertos.

A razão pessoal, então, nada mais é do que a subtração do que é real com o que é imaginário.

Enquanto a memória não falhar

Eu sei que tudo isso um dia não terá toda a sua totalidade de agora. Eu sei que os detalhes vão sendo apagados pouco a pouco. Também sei que você não sabe o que meus olhos enxergaram, mesmo estando em posições parecidas ou no mesmo lugar presenciando o mesmo fato. Só não sei o porquê que depois de um fim, algumas coisas perdem o sentido, ou a graciosidade que havia… e você sabe que havia.

O tempo já passou

O tempo é vago enquanto o corpo vaga. Os sentidos permanecem dispostos a frente, mas nem sempre os olhos captam tais divagações. Alheios ou não, os minutos passam enquanto penduram lembranças, como se fosse um porta retrato, traçando novos rumos involuntariamente voluntário.

Onde estão as palavras que há tempos atrás refleti? Estão cravadas naquele mesmo barco ancorado em recordações lixadas e ilegíveis. Mesmo que a evolução seja constante - para melhor ou pior, tanto faz agora… o tempo já passou - o mesmo sorriso jamais poderá ser dado novamente.

Seguir em frente.

Apenas um ato

"Sua ostentação revela insignificância a quem cultua humildade."

sábado, 4 de dezembro de 2010

Os filhos da morte burra

Jovens sem nenhuma utopia
Caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas
Sem nenhuma luz, sem nenhuma luz de Fernando Pessoa
Fechados nas sexuais telas da impotência
Se masturbam contemplando corpos em decomposição!
Norte da minha fé,
Onde estavam o beija-flor e o arco-íris
Na hora do nascimento dessas criaturas?
Quantas gotas de flor restam nos corredores dos céus
De vossas bocas?
Quais fontes clamam por vossos nomes?
Eu entrando na virtuosa idade
E eles entrando em idade nenhuma.
Os filhos da morte burra
Cheiram o branco pó da anemia
Esqueceram que um dia tocaram na poesia da
Transgressão em pleno ventre de suas esquecidas mães
Esqueceram de colar o ouvido ao chão
Para ouvir as ternas batidas do coração das borboletas.
Os filhos da morte burra
Jamais levantam uma folha para conhecer o amor dos insetos
Jamais erguem taças ao luar para brindar a
Vigorosa lua, os filhos da morte burra,
Desconhecem ou jamais ouviram falar em iluminação
Apenas abrem a boca para vomitar

Edu Planchêz

Equilíbrio

E os dias sombrios passaram carregando apenas fagulhas de sorrisos presos em seu interior procurando a tão sonhada alforria, sem querer destruir outras concepções que poderiam causar desarmonia, torcendo em silêncio para que pudesse se libertar em um submundo semi real. Talvez o arrepio intenso em se ouvir/ver as palavras que se queria arrancar de outros lábios sem acrescentar covardia a tal índole seja o mais descritível num pós momento de libertação dum carma pessoal. Porém, sente-se certa agonia por talvez saber de tais coisas que eram importantes para outro alguém se perderam… Eis o equilíbrio.