sábado, 30 de outubro de 2010

Enquanto os outros dormem

Palavras escritas, palavras apagadas. Confecção de sentidos, lógicas e ilusões. Fundamentos dispersos, claros, complexos. Nem sempre o luar se resume a calmaria. Enquanto uns dormem, outros permanecem aqui sofrendo, vivendo, morrendo, sorrindo. Tanto faz o que há de vir, não é você quem vai escolher. Como se fosse uma peça com movimentos próprios, as variáveis se multiplicam e é impossível controlá-las.

Cedo demais, tarde demais... Duas visões relativas aos olhos de quem vê, duas vidas aos corpos de quem se vive. Enquanto isso a hora passa, os olhos insistem em cair, a visão embaça e fica turva. Mesmo assim, não se há paz. A música se repete na consciência, suas mãos não são capazes de arrancar o que lhe faz sangrar. Só lhe resta esperar o que o sol seque o que se derrama em seus olhos.

Um personagem, uma noite, uma insônia. Um desejo de sorrir, um coração partido, uma luta que lhe parece impossível. Busca nos outros a tal fantasia que lhe é fornecida de que os outros são sempre felizes. Até ficar novamente num quarto escuro, com o frio predominando o seu corpo. Então torna-se visível a fusão entre o que se quer e o inexistente. Dúvidas que sufocam, vida que suplica por clemência... Enquanto os outros dormem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário