sábado, 4 de dezembro de 2010

Os filhos da morte burra

Jovens sem nenhuma utopia
Caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas
Sem nenhuma luz, sem nenhuma luz de Fernando Pessoa
Fechados nas sexuais telas da impotência
Se masturbam contemplando corpos em decomposição!
Norte da minha fé,
Onde estavam o beija-flor e o arco-íris
Na hora do nascimento dessas criaturas?
Quantas gotas de flor restam nos corredores dos céus
De vossas bocas?
Quais fontes clamam por vossos nomes?
Eu entrando na virtuosa idade
E eles entrando em idade nenhuma.
Os filhos da morte burra
Cheiram o branco pó da anemia
Esqueceram que um dia tocaram na poesia da
Transgressão em pleno ventre de suas esquecidas mães
Esqueceram de colar o ouvido ao chão
Para ouvir as ternas batidas do coração das borboletas.
Os filhos da morte burra
Jamais levantam uma folha para conhecer o amor dos insetos
Jamais erguem taças ao luar para brindar a
Vigorosa lua, os filhos da morte burra,
Desconhecem ou jamais ouviram falar em iluminação
Apenas abrem a boca para vomitar

Edu Planchêz

Equilíbrio

E os dias sombrios passaram carregando apenas fagulhas de sorrisos presos em seu interior procurando a tão sonhada alforria, sem querer destruir outras concepções que poderiam causar desarmonia, torcendo em silêncio para que pudesse se libertar em um submundo semi real. Talvez o arrepio intenso em se ouvir/ver as palavras que se queria arrancar de outros lábios sem acrescentar covardia a tal índole seja o mais descritível num pós momento de libertação dum carma pessoal. Porém, sente-se certa agonia por talvez saber de tais coisas que eram importantes para outro alguém se perderam… Eis o equilíbrio.

Outros grãos espalhados...

Planos são fábulas que nem sempre pode se tornarem reais. Muitos planejam, muitos dão certezas, muitos correm na hora do resultado. Planos pela não colaboração de outrem, quando envolvidos, então é um caminho à decepção. Se tudo na vida é incerto, porque pessoas teimam em dar certezas? De que adianta imaginar que o quebra-cabeças está pronto se não se avista o paradeiro das demais peças além das conquistadas?

Outra pessoa, outro universo. Nem sempre se pode contar com quem você quer agora. As variáveis sempre serão variáveis, se ao contrário não teriam esse nome. O que se pode prever, de maneira menos incerta, é tudo aquilo que depende de uma pessoa só: VOCÊ!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Filtro

Não sou mau por utilizar suas próprias palavras contra você. Foi você quem não escolheu bem o que disse há tempos atrás. E se você não quiser mais me ouvir, feche a porta da sua casa… mas nunca, nunca mais abra-a novamente para tentar me encontrar. Não estarei ali. Não estarei lá. Não estarei em lugar algum sem que seja, se estiver, no teu pensamento.

Eu criei um mundo perfeito, o qual você ilustrou quando estava aqui. Quando se foi, percebi que era só uma maquiagem à destruição. As flores murcharam, os rios se secaram, o caos se estabeleceu. Porém, ainda existe uma gota, uma flor e um artifício de paz. Então perco-me em pensamentos de que esse sempre foi o mundo que criei.

Nem tente mudar agora, nem queira. O tempo já passou e eu… não estou mais debaixo da árvore daquela esquina a lhe esperar. Talvez um dia eu volte… ou o tempo passe novamente.

Diálogo subconsciente

A: E agora?

B: Seria ótimo se você conseguisse por um momento esquecer de tudo.

A: Como se faz isso?

B: Anula algumas variáveis, enumera metas e siga em frente!

A: … mas e…

B: Deixe!

A: Como pos…

B: DEIXE!

A: Você sabe que não consigo!

B: A opção de sofrer é toda sua.

A: … mas eu não quero sof…

B: ENTÃO MUDE!

A: EU QUERO MUDAR! … mas não quero deixar certas coisas para trás…

B: Cai na real! O passado só está te matando!

A: Engano seu! É só por isso que estou vivo!

B: Rio agora ou depois?

A: O que foi?

B: Uma hora você cai na real…

A: Como assim?

B: Não digo que deves desistir de tudo, mas seguir um outro caminho. Talvez um dia dê pra você voltar…

A: Como farei isso se o que me fazia bem ainda vive em mim?

B: “Fazia bem”. Hoje só te condena a estagnação da dor presente em si.

A: Existem horas que eu quero morrer…

B: Não seja tolo, se você morrer eu também morrerei.

A: Então me ajude!

B: A todo momento eu prego pensamentos a você e você os tapa com fotografias de momentos vividos, deixando-me como se eu fosse algo ruim.

A: Eu sou um alguém ruim?

B: Você é o que de melhor se pode existir. O único problema é que quando você cai, quem aprende sou eu… por isso você insiste em se parecer despedaçado.

A: Então somos feitos um para o outro!

B: Exatamente, coração.

A: É… a prova de minha não desistência está em você, razão.

Zero hora

As luzes estão acesas, mas a que horas elas se apagarão? Porque insiste em clarear o meu vazio? Porque insiste em me mostrar que nada conquistei além de… amadurecimento?

Um minuto se passa e milhões de dúvidas poderiam surgir. Basta observar um fragmento de algo e imaginar… Mais dois minutos se passam e as palavras tornam-se adversárias do tempo. Seria prático dizer que o tempo trás as palavras, ou seria mais aceitável dizer que nem tudo se transpõe ao mesmo tempo? Seria privilégio poder enumerar tudo o que se sente em um mísero papel ou seria melhor nunca saber descrever?

Talvez um disfarce em forma de máscara seja o melhor que se pode conquistar quando não se sabe mais esconder os próprios medos no olhar.

Oito minutos até aqui.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Hemorragia

Enquanto isso o tempo passa lá fora. Aqui dentro, o frio permanece sem cessar. Todas aquelas lembranças felizes que tinha foram aniquiladas por suas atitudes erradas, fora de quaisquer planos traçados por mim e você. Fico aqui… na incessante dúvida entre decidir sobreviver sob os clichês, sentindo golpes em todas aquelas feridas que você me proporcionou, derramando sangue de meus olhos por tentar, em vão, denegrir-lhe em meu interior, ou, entregar-me ao corte da espada, sem delongas.

As pernas que se movimentam, correm depressa na tentativa inútil de acelerar o tempo, que parece estagnado, enquanto meu coração sangra pedindo por um suspiro de calmaria. Talvez quando eu paro pelo cansaço, o suor escorrendo e a adrenalina ainda pulsando, sinto-me vivo… mesmo sabendo que o que corri foi apenas um espaço real para longe do que me fazia mal. Porém, em meus dilúvios imaginários, violentos, acabo sempre surrupiado de sorrisos.

Queria ir para longe, sem olhar para trás, mas a esperança me segura insinuando-me com ilustrações já vividas, ondem estão pregados meus eternos sorrisos…